Nem toda dor vem do peso que se carrega nas costas

Costumamos associar o cansaço e o adoecimento no trabalho ao trabalhador sujo, ao suor e ao esforço físico visível. É comum ouvirmos frases como "trabalhar de verdade é colocar a mão na massa". Mas essa é uma analogia perigosa — e ultrapassada.

Felipe Alledi de Souza

Por Felipe Alledi de Souza

12 Agosto 2025


Me responda sinceramente.

Quando você associa o cansaço e o adoecimento no trabalho, à que tipo de trabalho você está associando?

Costumamos associar o cansaço e o adoecimento no trabalho ao trabalhador sujo, ao suor e ao esforço físico visível. É comum ouvirmos frases como "trabalhar de verdade é colocar a mão na massa". Mas essa é uma analogia perigosa — e ultrapassada.

Ao final do expediente, um pedreiro exausto, com o rosto suado, as roupas cobertas de poeira e as mãos sujas, carrega nas costas o peso de um trabalho fisicamente desgastante. Ao seu lado, um operador de caixa de supermercado, aparentemente "limpo", talvez sem suar, mas com os ombros tensionados, dores nas pernas e pés, estressado e emocional esgotado, representa uma outra realidade: a do adoecimento silencioso.

A carga de trabalho nem sempre é visível. O esforço mental excessivo na resolução de problemas imprevistos, a pressão para não deixar a fila aumentar, a vigilância contínua para não dar um troco errado, a exigência de cordialidade mesmo sob exposição de clientes desagradáveis, a ausência de pausas, a repetição mecânica e a escassez de reconhecimento, compõem o dia a dia de milhares de trabalhadores em funções com baixo impacto físico, mas alta demanda cognitiva e psicossocial.

A Ergonomia — enquanto ciência que busca compreender o trabalho para adaptá-lo ao trabalhador — já não se limita apenas a ajustes físicos nos postos de trabalho. Ela abrange também os fatores mentais e organizacionais, compreendendo que a saúde do trabalhador é influenciada por múltiplos aspectos: carga mental, relações interpessoais, tempo de recuperação, previsibilidade de tarefas e, principalmente, a forma como o trabalho está estruturado e organizado.

É hora de quebrar paradigmas.

Nem todo trabalho que adoece deixa marcas visíveis no corpo.

Nem toda dor é física.

Nem todo cansaço vem do suor.

Que possamos ampliar nosso olhar e valorizar a complexidade de cada função — com empatia, ciência e responsabilidade. Afinal, como dizia Falzon, toda vez que o trabalhador tiver que interagir com o trabalho, vai haver uma mobilização física, cognitiva, psíquica e social.


Artigo produzido pelo Ergonomista Felipe Alledi de Souza. Para mais conteúdos, acompanhe os blogs da Reliza.


Para falar com um Consultor Reliza, entre em contato via whats app e conheça nossas melhores soluções.


Siga a Reliza nas redes sociais: InstagramLinkedin.


Leia também

Banner

Como regular seu setup home office: ergonomia, organização e dicas práticas

Aprenda a regular seu setup home office com dicas de ergonomia, organização e produtos da Reliza para melhorar conforto e produtividade.

Banner

Ergonomia para Lideranças: Como Promover um Ambiente Saudável

Quando falamos em ergonomia dentro das organizações, muitas vezes pensamos apenas em cadeiras ajustáveis, mesas reguláveis ou pausas programadas. No entanto, o sucesso de qualquer programa ergonômico depende, em grande parte, do envolvimento das lideranças.

Banner

Layout Industrial Ergonômico: Otimizando Fluxos e Reduzindo Riscos

No ambiente industrial, cada detalhe impacta diretamente na produtividade, segurança e qualidade de vida dos colaboradores. Um dos fatores mais estratégicos para alcançar esses objetivos é a organização do layout industrial.

Avatar

Reliza

Olá! É um prazer receber você aqui.

Fale conosco e descubra o poder da ergonomia.