Ergonomia Cognitiva: O Poder dos Fatores Humanos na Redução de Erros e Aumento da Produtividade
Quando se fala em ergonomia, a maioria das pessoas associa o tema imediatamente a postura, mobiliário ou movimentos repetitivos. De fato, esses aspectos físicos são fundamentais. Porém, existe uma dimensão muitas vezes esquecida: a ergonomia cognitiva.
23 Setembro 2025
Quando se fala em ergonomia, a maioria das pessoas associa o tema imediatamente a postura, mobiliário ou movimentos repetitivos. De fato, esses aspectos físicos são fundamentais. Porém, existe uma dimensão muitas vezes esquecida: a ergonomia cognitiva.
Ela estuda como nossa mente interage com o ambiente de trabalho, com as máquinas, sistemas e informações. Em um mundo cada vez mais tecnológico e acelerado, entender os fatores humanos tornou-se vital para reduzir erros operacionais, melhorar a qualidade e garantir segurança.
E é aqui que entra o trabalho do ergonomista: diagnosticar, propor soluções e orientar mudanças que respeitem os limites cognitivos dos trabalhadores e ampliem a eficiência das operações.
O que é Ergonomia Cognitiva?
De acordo com a International Ergonomics Association (IEA), a ergonomia cognitiva trata de processos mentais como percepção, memória, raciocínio e resposta motora. Em outras palavras, busca compreender como as pessoas recebem informações, tomam decisões e executam ações.
Alguns exemplos de riscos cognitivos no trabalho:
- Sobrecarga de informações (muitas telas, alertas ou ruídos);
- Multitarefa constante;
- Interfaces confusas em máquinas ou softwares;
- Pressão de tempo que leva a falhas de atenção;
- Ambientes de alta distração.
Sem a devida análise técnica, esses fatores podem passar despercebidos, mas estão entre as principais causas de falhas humanas em processos produtivos, acidentes de trabalho e custos com retrabalho.
O Custo do Erro Humano
Pesquisas indicam que o erro humano responde por até 70% dos acidentes em ambientes industriais. Muitas vezes, esses erros não são fruto de descuido, mas sim de sistemas mal planejados, excesso de estímulos ou sobrecarga mental.
Estudo publicado na Revista Ação Ergonômica mostra que, em indústrias do setor eletroeletrônico, a combinação de exigência física e carga cognitiva elevada aumenta a ocorrência de falhas, retrabalho e absenteísmo.
É justamente esse tipo de cenário que exige a intervenção de um profissional de ergonomia, capaz de enxergar além do visível e propor ajustes estratégicos que geram ganhos para trabalhadores e empresas.
Boas Práticas de Ergonomia Cognitiva conduzidas pelo Ergonomista
1. Mapear a carga mental do trabalho
Esse mapeamento deve ser realizado por um ergonomista, utilizando ferramentas específicas de análise, entrevistas direcionadas e observações estruturadas.
O objetivo é identificar pontos críticos como:
- excesso de multitarefa;
- necessidade de vigilância constante;
- controles manuais complexos;
- situações de pressão de tempo.
Esse olhar técnico permite revelar riscos invisíveis, que dificilmente seriam percebidos apenas pela rotina interna da empresa.
2. Redesenhar interfaces e sistemas
O ergonomista avalia interfaces de máquinas, painéis de controle e softwares, propondo ajustes que facilitem a compreensão e a tomada de decisão.
- Alarmes devem ter prioridade clara.
- Telas precisam ser simples, com hierarquia de informações.
A atuação do especialista evita sobrecarga mental e reduz erros por má interpretação.
3. Capacitar e conscientizar colaboradores
Treinamentos em ergonomia cognitiva não são “palestras genéricas”. O ergonomista desenvolve programas personalizados, com base nos riscos e desafios específicos de cada empresa.
Esses treinamentos ajudam colaboradores e gestores a:
- reconhecer sinais de fadiga mental;
- adotar pausas cognitivas;
- aplicar técnicas de foco no dia a dia.
4. Ajustar ritmo e pausas de forma estratégica
O ergonomista pode analisar ritmos de trabalho, pausas e escalas, propondo mudanças baseadas em dados e não em suposições.
Isso garante equilíbrio entre produtividade e saúde mental, prevenindo erros, fadiga e até burnout.
5. Criar ambientes de concentração
A análise ergonômica permite repensar o layout físico, a iluminação, os níveis de ruído e os fluxos de comunicação.
Com base nessa avaliação técnica, o ergonomista sugere adequações que favorecem a concentração e reduzem distrações.
Benefícios Tangíveis para Empresas
Com a aplicação prática da ergonomia cognitiva, conduzida por um especialista, as empresas alcançam:
- Redução de erros operacionais → menos retrabalho e desperdícios;
- Aumento da qualidade → processos mais confiáveis e padronizados;
- Mais segurança → queda no índice de acidentes por falha humana;
- Engajamento → colaboradores se sentem apoiados, menos sobrecarregados;
- Vantagem competitiva → empresas que cuidam dos fatores humanos entregam mais valor com menos custo oculto.
Conclusão
A ergonomia cognitiva mostra que produtividade e segurança não dependem apenas de máquinas modernas ou postos de trabalho ajustáveis, mas também da forma como os colaboradores pensam, decidem e interagem com seu ambiente.
E é nesse ponto que o papel do ergonomista se torna indispensável: conduzir diagnósticos técnicos, interpretar os fatores humanos e propor intervenções que transformam riscos invisíveis em oportunidades de melhoria.
Em um mundo cada vez mais digital e dinâmico, o futuro da ergonomia é humano — e começa na mente.
Referências
- EDUQUITO: Ergonomia Cognitiva para a Diversidade Humana. Santarosa, L. M. C.; Conforto, D.; Basso, L. O. – EFT
- Intervenções ergonômicas em indústrias do setor eletroeletrônico: uma revisão sistemática da literatura – Revista Ação Ergonômica
- Análise ergonômica do levantamento manual de cargas baseada na equação do NIOSH – Barros, C. R. M. – UFPE
- Práticas ergonômicas em indústrias: natureza, gestão e atores envolvidos – Pinto, A. G. P.; Tereso, M. J. A.; Abrahão, R. F. – Revista Ação Ergonômica
Artigo produzido pelo Ergonomista Letícia Sampaio. Para mais conteúdos, acompanhe os blogs da Reliza.
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